Pois é meus amigos, estou de volta a este espacinho após um inter-rail formidável!
Sim, tive ausente por mais de um mês, devido a circunstâncias de preguiça aguda e de assuntos pendentes, mas voltei com este texto na cabeça que pode ser que continue durante mais uns tempos! =P
Em relação ao inter-rail, foi sem dúvida o melhor mês da minha vida, e devo dizer que a minha companhia (um certo rapaz que se dá pelo nome de Miguel) foi sem dúvida a melhor que poderia arranjar. Infelizmente, e porque sou um lazy-ass, não tenho muitas fotos nem relato do inter-rail (se bem que este texto vá ser baseado nele..wink, wink!)mas para quem não tiver mais nada para fazer, que vá ao fotolog do dito cujo, que além de estar a dedicar espaço ao nosso inter-rail tem bastante qualidade! Tanta quanto aquele meia-leca consegue obter, I guess! =P
Here is the link: www.photoblog.be/n0one
Bem... E por hoje é tudo! Comentários são apreciados para saber se continuo com esta poia ou volto ao meu modo de escrita habitual! =P
PrólogoE o sofá caiu.
-"Deus nos salve!"
-"Foda-se!"
-"Aquilo lembra-me os mapples da minha mãe!"
Capítulo 1- De como se começa uma viagem"Eat dessert first, Life is uncertain" -Anonymous No dia em que o seu pai comprou uma muda de palmeira e a plantou dentro de casa para grande agrado de toda a família, André começou a desconfiar que a lucidez e sanidade mental não poderiam ser contados como dados adquiridos. Tinha nessa altura catorze anos. Quando dois anos depois foi instalado um escorrega na janela da sua irmã mais nova para que ela pudesse descer do segundo andar directamente para o quintal com apenas o pequeno inconveniente de uma cabeça partida de vez em quando, apercebeu-se que não iria viver em casa durante muito mais tempo; só uns anos depois quando uma Jibóia chamada Zé e um macaco chamado Oscar foram introduzidos em sua casa e adoptados como mascotes de família se apercebeu do quão pouco tempo isso seria.
Estava longe da cabeça de André pensar que o resto da sua vida era normal-feliz. Normal-normal seria um termo aceitavel, e o feliz não estava desaparecido do mapa, mas para ser normal-feliz teria de haver uma parte feliz-feliz ou pelo menos contente-feliz nela. Estudava num colégio interno apenas assistindo á loucura eufórica da sua família aos fins-de-semana, mas o que a sua vida familiar pecava em excessos o resto pecava em tédio.
Isso iria acabar.
Às dez da noite de domingo André não se sentia muito feliz-feliz. Para falar a verdade nem sequer normal-feliz. Talvez cansado-odeio-tanto-domingos-aborrecido.
Estava a servir os últimos clientes no restaurante japonês onde trabalhava aos fins-de-semana e a pensar no quão pouco se lembrava da noite anterior. Lembrava-se vagamente de correr vários bares na zona de Santos e de estar francamente zangado. Zangado porquê? Ninguém lhe tinha contado mais estórias da namorada, e o Pedro tinha estado com ele. Tinha sido o Pedro! Ele tinha dito...
"Por favor!" disse um dos poucos clientes que ainda estava a jantar.
"Sim?"
"Eu não quero parecer rude mas eu simplesmente não consigo jantar com gente a olhar para mim"- disse o homem, na casa dos cinquenta e com um ar bastante perturbado
"Eu peço imensa desculpa mas não temos cúbiculos onde possa comer com maior privacidade, sabe? Apenas este espaço aberto, sabe?"-disse André, tentativamente
"Não. Não entendeu. Eu não consigo comer com pessoas a olhar para mim fixamente e com um ar esfomeado!"- exclamou exasperadamente o cavalheiro
"Bem... Eu estou realmente um pouco faminto, sabe? Mas garanto-lhe que não estava a olhar fixamente para si! Eu aliás estava ocupado a levantar os pratos das outras mesas, sabe?"
"Sei, sei, bolas! Estou a falar desse pelintra do outro lado da janela que me está agora a fazer expressões obscenas!"- exclamou o homem, quase explodindo de raiva.
Nisto o pelintra, vendo-se claramente assunto de conversa, entra rapidamente na loja assobiando.
"Olá! Trago novidades!"
"Pedro... O que é que estás aqui a fazer? Já te disse que não gosto de te ter aqui, assustas os clientes!
"Este pelintra safado é seu amigo?"-hurrou o homem sentado à mesa
"André, anda, precisamos de ir beber qualquer coisa agora!"-exclama euforicamente Pedro.
"Garanto-lhe que ele não costuma fazer destas coisas, sabe..."-diz tentativamente André ao cavalheiro
"André! Estamos a perder tempo precioso! Vamos lá, conheço um bar aqui perto!"-insiste Pedro
"Mas é inadmissivel que num restaurante desta categoria, onde sou um cliente regular, seja tratado desta maneira...!"- continua o cavalheiro, nunca parando para respirar
"Pedro... Agora não é boa altura, só acabo expediente numa hora, volta depois por favor!"-sussura André a medo, acrescentando ao cavalheiro- "Mas garanto-lhe meu senhor, decerto que é algo grave senão ele nunca teria cá vindo armar confusão...!"
"Uma coisa é pedir ajuda, outra é vir gozar com a cara da gente!"-exclama o cavalheiro, colérico e ruborizado
"André! Eu estou a falar a sério, temos de ir já! Não há tempo a perder!"-exclama Pedro com cada vez maior urgência na voz.
"Meu senhor, calma, eu vou pô-lo na rua"- diz André virando-se depois para Pedro - "Estás parvo? Não dá! Não vês que ainda não acabei de servir as pessoas?"
"Eu resolvo isso!"- exclamou Pedro, confiante- "Meus senhores, alguém que ainda vá comer mais alguma coisa? Não? Óptimo! Alguém aqui que não tencionasse dar uma gorjeta ao nosso simpático empregado André? Repito, que não tencionasse! Ninguém? Perfeito! Então aqui está o que vamos fazer! Vão acabar as vossas refeições com calma e sem medo da hora de fecho, e por favor quando acabarem levem os vossos pratos para a cozinha onde haverá alguém a lavar loiça, metam as toalhas no cesto da roupa suja e deixem o custo do jantar em cima da mesa! Em troca, é claro, poderão ficar com a gorjeta que seria noutro caso merecida da parte do André! Alguém tem questões? Ninguém? Óptimo! André, vamos embora!"
"Odeio Domingos..."-pensou André, enquanto foi arrastado porta fora deixando para trás um restaurante em fúria para o qual provavelmente nunca mais iria trabalhar.