20060424

Em frente crianças da pátria!

Aguardo ansiosamente as férias do verão.
Não que isto seja algo de muito estranho, já que o costumo fazer todos os anos. O verão costuma ser uma época bastante especial para mim. Porém, isso é um assunto que ficará para um outro post, pois neste anos específico aguardo as férias do verão por um outro motivo: inter-rail!

Pois é... Tenho projecto de fazer um este ano, e estou francamente ansioso para me lançar à aventura, conhecer os diferentes países mais alargadamente do que já conheço! Sim, desenganem-se aqueles que pensam que vivemos já numa europa unida. Muito ao contrário de se esbaterem com os séculos, as especificidades dos vários povos europeus mantêem-se firmes como rochas, muito ao jeito dos próprios povos europeus!

Assim... Algumas dessas especificidades são tão inteligentes e práticas, que as associamos directamente ao país em questão, como é o caso dos autocarros de dois andares ingleses, os moinhos de vento da holanda (poderia haver adição mais perfeita a um país plano? imaginem o sucesso que eles fariam no alentejo!),e as esplanadas nos passeios das avenidas dos franceses.
Contudo, outras características são marcadas por coisas que todos os países fazem sem problemas, e alguns países específicos têm uma enorme dificuldade em fazê-lo sabe-se lá porquê!

Os franceses, por exemplo não conseguem entender o conceito de fazer uma fila. Eles fartam-se de tentar mas está acima das suas capacidades. Onde quer que se vá em Paris, vemos linhas perfeitamente ordeiras em todas as paragens de autocarros, mas mal um autocarro chega, tudo automaticamente se desintegra tornando-se nalgo parecido com um exercício de incêndio num hospital de doenças psiquiátricas, sem que eles percebam que agir como tal derrota completamente o objectivo de se fazer filas!
Os ingleses, por outro lado, parecem não entender certos princípios básicos de alimentação, como é evidenciado pelo seu instinto de comer hamburgueres (dos com pão claro) com garfo e faca. Para além disso, e para meu contínuo e eterno espanto, um grande número de ingleses como também com o garfo virado ao contrário, equilibrando a comida na sua parte curva. Sempre que vejo um inglês a comer assim tenho de reprimir uma vontade imensa de me virar para a mesa dele e dizer "Excuse me, can I give you a tip that will stop those peas from bouncing all over the table?"
E assim a lista continua. Os alemães confundem-se completamente com o humor em geral, os suíços não têm conceito algum de diversão, os espanhóis não vêm nada de estranho em comerem sempre à meia noite, e os italianos nunca, mas nunca, deviam ter sido informados da invenção do automóvel.

Claro que, nós portugueses, temos também as nossas falhas, mas não me cabe hoje na cabeça ofender o orgulho nacional de ninguém! Descarregarei então um pouco mais da minha peçonha nos franceses para acabar a noite.

Para se entender os franceses, é necessário perceber-se uma coisa: eles não gostam de nós. E quando eu digo nós, refiro-me ao resto do mundo. Isso à partida não é grande problema, porque a maioria de nós também não gosta muito deles.
Li há uns dias numa sondagem duma das revistas sérias que o meu pai encomenda que as três coisas mais odiadas do mundo eram, por ordem decrescente, gnomos de jardim, aqueles dados peludos que se penduram nos carros, e os franceses.
Achei incrível. De todas as coisas que se pode odiar, a fome, pobreza, guerra, governos tirânicos, certas etnias, cantores pimbas- eles escolheram gnomos de jardim, dados peludos para carros e os franceses.
Da primeira vez que fui a frança, não percebia porque é que ninguém gostava de mim. Chegava a um hotel e o diálogo era algo como:
-O que é que você quer?!
-Boa tarde, queria um quarto de hotel por favor.
-Preenche isto. Não! Não aí! Aqui! E você, o que é que quer?!?!

E todos são assim! É incrível! Vamos a uma padaria e pedimos um simples pão grande no nosso melhor francês, e recebemos em troca um longo e gelado olhar, pondo o padeiro de seguida um castor morto em cima do balcão! E ao dizermos, que não, não queremos um castor morto, mas sim um pão grande, recebemos um olhar de puro ódio, seguido de um disparar de francês demasiado rápido para podermos seguir, enquanto o padeiro expressa o deu descontentamento para todos os seus outros clientes, clientes esses que por sua vez olham para nós como se tivéssemos acabado de urinar nos seus sacos de compras.
A única coisa que me provoca um certo alívio é que eles ainda são piores com os ingleses. Ingratidão ao máximo, tendo em conta que foram esses que os libertaram na segunda guerra (sim, porque convenhamos que o exército francês não conseguiria derrotar nem uma equipa de hóquei feminina) mas em vez de os receberem com abraços e festas, dando-lhes bebidas de graça e palmadas nas costas e subidas gratuítas à torre eifel como outros países ainda fazem aos seus salvadores britânicos, recebem-nos pelo contrário com cerveja morna e olhares gelados.

Enfim... Por hoje já falei de mais... Volto a aparecer pelo final da semana. E não se esqueçam meninos, todos diferentes mas todos iguais!
Out!

20060411

Tampas!

A inércia nada pode com um rapaz loiro e parvo a sentir-se em plena primavera!
Pois é meus amigos, o sol começa o seu longo e extenuante combate com os resquícios do inverno e o humor no geral começa a melhorar. O período de hibernação sentimental entra em degelo e as paixões de primavera começam a despontar.

Poder-vos-ia escrever um post inteiro ácerca de paixões de primavera, dado o quão eu sou versado e experiente nelas (pelo menos nas não correspondidas), mas creio que por hoje vou preferir focar-me num assunto bastante mais desapontante: tampas!

Claro que o leitor astuto rapidamente entenderá que não falamos no objecto físico em si, mas é claro que no acto de ver repelidas as suas aproximações com intenções mais ou menos amorosas, com maior ou menor violência.

Uma das coisas que nunca compreendi no mundo é o medo que a maioria das pessoas têm em estabelecer um contacto inicial com uma pessoa do sexo oposto sem uma boa razão!
São necessárias normalmente as desculpas mais inverosímeis, patéticas ou convenientes (ou uma qualquer combinação das três anteriores) para se meter conversa e mesmo assim sangue frio é uma qualidade requerida! A questão que se coloca é: porque não total e completa honestidade? Porque não por uma vez ouvir: "Boa noite, eu estava ali no balcão ao lado e reparei que tinhas um ar divertido, achas que podíamos um dia ir ao cinema ou assim sem compromisso?" Eu não sei quanto a vocês, mas eu adoraria que um dia alguém tivesse esse tipo de frontalidade.

Na minha opinião, essa falta de frontalidade dá-se por uma e apenas uma razão: o medo da tampa!
Francamente, para mim, esse é o medo mais estúpido que existe.
Durante séculos, pessoas morreram de todos os tipos de doenças, animais selvagens, guerras, condições de vida inacreditaveis, tortura, etc, e o ser humano comum do século XXI praticamente desmaia perante a noção de ouvir um não ao falar com o sexo oposto!

No entanto não digo que não deva haver medo. Principalmente no caso da população masculina. Isto deve-se ao facto de a população feminina, sem dúvida de modo a poder sobreviver no seu habitat natural sobrecarregado de predadores, ter desenvolvido o que eu humorísticamente chamo a arte da boa tampa.
Ninguém percebe mais de dar tampas do que uma rapariga, e conforme a sua personalidade maior será o grau do golpe moral que poderá infligir. Modestamente, eu consegui dividir de um modo geral as tampas em cinco categorias, da mais simpática à mais maquiavélica.

A primeira, a tampa piedosa: o engate é recebido simpaticamente, a conversa desenrola-se por 5 ou mais minutos com um sorriso amarelo, dá-se alguma interacção seguida de uma mentira categórica do género de "tenho de ir, o meu namorado está à espera" ou "Prazer em conhecer-te mas está na hora de ir"! O truque aqui é fugir antes que se consiga pedir o numero de telefone.

A segunda será a tampa da boazinha desesperada: Após várias tentativas de tampa piedosa mal-sucedidas e não querendo ser mal-educada, a pessoa começa a olhar freneticamente em todas as direcções, finalmente encontrando alguém conhecido, agarrando-se a ele e balbucinando algo como "oops! tenho de ir!"

Entramos nas piores. A terceira é a conhecida tampa de desprezo. Desde mostrar claramente que não se está a prestar a mínima atenção a pura e simplesmente ignorar o pobre coitado, um virar de costas funciona sempre bem.

Quarta, a tampa brutalmente honesta. Rapaz vem falar, rapariga responde algo como "És feio, desaparece". Extremamente doloroso.

Quinta e pior das tampas(esta apenas usada por raparigas bem malvadas), a arranca-egos! Goza-se publicamente com o rapaz, rindo-se da cara dele, insultando-o e contando a todas as amigas em volta de modo a alcançar humilhação total.

Sejamos francos. Uma tampa não é o fim do mundo, e levá-la quanto muito atinge-nos o ego por vinte e quatro horas! (a não ser que seja uma de tipo 5 e nesse caso a única coisa que posso dizer é que andam a escolher as pessoas erradas) Faço então um apelo:

Da próxima vez que se interessarem por alguém experimentem a honestidade completa. Digam directamente o que acham e convidem-no(a) para um cinema ou assim! Quer me parecer que os resultados serão positivos e, se não resultar, pelo menos será uma mudança refrescante! Um pouco de sinceridade bruta nunca fez mal a ninguém!

I'm out.

Ps: No próximo post voltaremos talvez a temas mais profundos a ser abordados.

Pps: Se por acaso alguém tentar ou tentou o que aqui escrevi contem-me! Estou curioso!:P

Ppps: Recebi ontem o meu primeiro ovo de páscoa. Porque raio são os ovos kinder tão superiores a todos os outros?!